Nota
004/20 SESUNIPAMPA: Diretrizes para uma volta as aulas sem exclusão discente e
precarização docente
No dia 16 de julho a
SESUNIPAMPA realizou uma assembleia virtual geral amparada pela lei 14010/2020
para discutir, refletir e deliberar sobre: 1) Conjuntura (não deliberativo), 2)
enfrentamento ao COVID 19 e a posição sobre ensino remoto na UNIPAMPA, 3) Eleição
de delegado(a) e observadores(as) para o CONAD extraordinário virtual e 4)
Informes gerais. Após ampla discussão com a base encaminhou-se um conjunto de
propostas que vimos apresentar e que representam a posição que orientará a
postura desta seção e de nossa categoria. Neste sentido:
Considerando que
vivenciamos a maior crise sanitária já vivenciada pela humanidade que impacta
diretamente na vida dos trabalhadores(as) e em todas as atividades que precisam
se adaptar a um processo que ainda se encontra em pleno desenvolvimento com
milhares de vítimas dia a dia.
Considerando que a
pandemia demonstra a crise do sistema neoliberal que representada pelo governo
atual defende primeiro o mercado financeiro e o funcionamento a todo custo do
mercado em detrimento das vidas humanas perdidas muito em função da desestruturação
dos serviços públicos como Saúde e Educação que tem seus gastos limitados por
20 anos e logo a cada ano com menos recursos
perante o aumento constante das necessidades de tais serviços. Isto,
além de o governo federal não coordenar uma reação efetiva a pandemia em um
ministério que nem ministro titular tem.
Considerando que nesse
cenário, no que tange ao setor da educação, surgiram, principalmente a partir
do segundo semestre, a proposta de ensino remoto como forma de retorno as
aulas. Verifica-se país afora processo acelerados, atropelados e
antidemocráticos de implementação do ensino-remoto a distância. Sem levar em
conta a necessária preparação, confundindo-se com um arremedo de EAD e levando
a exclusão de parcelas da comunidade discente que não tem acesso as plataformas
e muitas vezes nem condições sociais de interagir com elas e simultaneamente
precarizando a atividade docente, pois impondo novas formas de atuação, em
tempo escasso, pouca formação e pouco tempo para adaptação.
Neste
sentido, afirmando o papel público, laico, gratuito e de qualidade da
Universidade entendo a educação como um patrimônio universal da humanidade e
não uma mercadoria a assembleia geral virtual deliberou os seguintes pontos que
apresentam critérios e sugestões para uma possível volta (provisória,
instituída pelo estado de exceção pandêmico) através do ensino remoto na
UNIPAMPA:
1) Reafirmamos as
posições já manifestadas nas notas 001/20, 002/20, 003/20 e a nota conjunta com
o SINDPAMPA de que a forma como a
reitoria tem conduzido o processo de
volta as aulas por ensino remoto tem sido aceleradas, verticalizadas e acabam
contribuindo para um aumento da ansiedade e adoecimento profissional e
fragilizando as relações democráticas necessárias para esse necessário dialogo
na comunidade acadêmica. É necessário ouvir e encaminhar as sugestões dos
campi, levar em conta suas particularidades e as necessidades de uma formação
adequada e construção de condições adequadas de ensino aprendizado para a
categoria docente. O processo tem sido discutido pelo GT formado que
não tem dialogado com os campi e de forma precária com o CONSUNI, onde a
primeira reflexão foi somente realizada 46 dias após a criação do GT e
configuração das propostas apresentadas. Afirmamos que o CONSUNI é a instancia
máxima de nossa universidade, ali deve ser o espaço de deliberação final com o
tempo necessário para isso.
2) Reafirmamos também o alerta da insuficiência
de propostas para comunidade discente que garanta a universalidade do acesso
nas atividades de ERE. Que busquem dar conta - para além das bolsas já
oferecidas ou em processo de oferecimento- da não exclusão de nenhum discente. Precisamos
compreender que com a pandemia a precarização da realidade de vários estudantes
aumentou, ou seja, as condições de pobreza e de desigualdade social no país
estão piores. A renda da população tem diminuído e neste quando temos também o
impacto psicológico, a carga emocional de estar se vivenciando um processo
semelhante a uma guerra civil, com vítimas diárias. Logo questões de acesso,
questões que possam levar o discente a ficar para trás na integralização do
semestre são questões estratégicas que senão resolvidas em um processo de
oferta regular, como se pretende podem levar ao aumento da já existente evasão
escolar.
3)
Que a proposta final de volta as aulas por ensino remoto sejam embasadas e
elaboradas a partir de diagnósticos representativos e publicizados amplamente
que demonstrem a realidade de acesso e os nós críticos a serem resolvidos. Urge
novas pesquisas junto a comunidade discente, técnica e docente que atualize
dados antigos e permitam entender o quadro que temos após quatro meses de
pandemia. Esse esforço de pesquisa deve ser coordenado entre todo os campis a
partir de um questionário comum também amplamente publicizado. Os resultados
devem servir como base para a discussão e deliberação final
4)
Que em qualquer proposta de utilização de tecnologias digitais a partir de
diferentes plataformas seja garantido e assegurado a liberdade de cátedra: de
ensinar e aprender com autonomia e tranquilidade. Este direito fundamental tem
sido ameaçado constantemente nos tempos de controle ideológico que vivenciamos.
Assim, da mesma forma como em sala de aula essa liberdade é o princípio do
processo educativo, em condições remota, onde torna-se possível ataque de
hackers, gravações indevidas e exposição de docentes, torna-se mais necessário
ainda a sua garantia.
5)
Consolidando a afirmação da liberdade de cátedra, deve ser garantido nesse
processo de implementação do ensino remoto em tempos pandêmicos a garantia e preservação
do direito de imagem e de escolha pelo docente se este quer gravar sua aula ou
não. Um direito já garantido na CF de 1988(artigo 5º, inciso X) que afirma ser
este inviolável. Portanto, mesmo se tratando de ERE, tal direto tem que ser regulado. Ou seja, deve ser garantido
primeiramente o consentimento como condição da gravação. A atual proposta de
diretrizes para a volta elaborada pelo GT não deixa isto nítido. Tal nitidez é
fundamental para defesa do docente e de sua liberdade de ensinar.
6)
A UNIPAMPA como uma universidade pública neste processo, colocado pela
excepcionalidade do momento pandêmico, deve se comprometer com o
desenvolvimento e aperfeiçoamento de plataformas publicas e com softwares
livres para o desempenho das atividades pedagógicas. É fundamental nesse
processo não nos precipitarmos e na ansiedade de querer voltar logo,
desvalorizar a função pública da universidade e ao mesmo tempo valorizar o
mercado digital e suas tecnologias já disponíveis que mesmo em um primeiro
momento serem gratuitas, este fato não perdurará, poderemos ficar dependentes,
além do que já sermos garotos propagandas da Google que lucra simbolicamente
com isso e financeiramente também.
7)
Que a oferta na modalidade ensino remoto pautada pelo momento de pandemia,
justamente por isso seja com componentes optativos (ensino) e que seja
integrada com as atividades de extensão e pesquisa. Buscando assim, a
realização de projetos integrados construídos no processo interativo entre
professores e alunos. Dessa forma se minimiza os impactos de um semestre
regular sobre os discentes e mantem-se o vinculo necessário a partir dos
encontros virtuais já diminuindo a carga horaria final de integralização do
curso.
8)
Que seja afirmado nesse processo provisório de volta as aulas o direito a
progressão e promoção e que isso seja universal e amplamente publicizado. Pois
embora ainda não se tenha desenvolvido o ERE, desde março os docentes se
envolvem e desenvolvem atividades de trabalho remoto através de webnários,
orientações, atividades de extensão e pesquisa e etc. Ou seja universidade e os
docentes não pararam um instante sequer e logo isso tem que ser reconhecido
para seu processo de progressão/promoção funcional.
9)
Que o fluxo de contato para dúvidas e sugestões para a Reitoria seja organizado
a partir da atuação do GT que atualmente coordena a construção da proposta de
ensino remoto. Permitindo mais interação e agilizando e democratizando o
processo.
UNIPAMPA, 17 DE
JULHO
DIRETORIA DA
SESUNIPAMPA
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