Confira
a 3ª e ultima parte do bate-papo da SESUNIPAMPA com os docentes da UNIPAMPA
sobre a volta as aulas e o ensino remoto.
Encerrando este
espaço de dialogo com os docentes da UNIPAMPA, onde se refletiu sobre o
processo de volta as aulas e sobre o ensino remoto em si, apresentamos a ultima
pergunta aos professores, voltado ao pensamento do ensino remoto e suas
consequências.
Se você ainda não leu a
matéria completa da SESUNIPAMPA sobre “Volta às aulas na UNIPAMPA: ensino
remoto foi aprovado no CONSUNI e trás incertezas para comunidade acadêmica”
acessa o link:
Conversamos com os docentes
Vinicius Piccin Dalbianco (Campus Itaqui), Altacir Bunde (Campus Santana do
Livramento), Rubem Ávila Jr (Campus São Gabriel) e Jefferson Rocha (Campus São
Gabriel).
SESUNIPAMPA: Outra das principais criticas ao processo de discussão da volta as aulas foi sobre o ensino remoto em si que gera adoecimento profissional, exclusão dos alunos e pode ser uma coisa que venho pra ficar configurando uma realidade de precarização da atividade docente. Como fica essa critica no momento de aprovação deste calendário e de suas diretrizes?
Vinicius: “É claro que devemos considerar que não
temos previsão de retorno das aulas em curto prazo e que por isso era preciso
encontrar alternativas na UNIPAMPA como foi feito em muitas outras
instituições. O ensino remoto foi escolhido como a forma para minimizar os
problemas causados pela pandemia.
O problema esta na sua condição de oferta, de acesso e da condição dos docentes e discentes, que não estavam preparados para esta forma de ensino. Se teve acordo com o retorno das aulas de forma remota, agora é trabalhar para reduzirmos os impactos disso na saúde dos docentes e discentes, na exclusão daqueles que não tem acesso adequado aos meios de comunicação digital e na qualidade do ensino que será ofertado. Acredito que na UNIPAMPA não existe dúvidas que o retorno das aulas nesta modalidade é paleativo e tem consequências graves com relação à qualidade de ensino. Mesmo com os mais variados instrumentos e ferramentas para a condução das aulas, não é possível no ensino remoto contemplar todos os estudantes e manter a qualidade do ensino do modo presencial. As mais variadas pesquisas realizadas com a comunidade acadêmica concretizam estas preocupações.
Altacir:
“Não há dúvida que a Pandemia do novo Coronavírus vem agravando ainda mais a já
elevada precariedade do trabalho em nosso país. As diversas reformas
trabalhistas realizadas nos últimos anos retiraram diversas garantias e
proteções legais conquistadas a duros esforços.
A classe trabalhadora brasileira que já vinha sofrendo com os contínuos desmontes de direitos, promovidos pelos governos nos últimos 3 a 4 anos, seja na esfera federal, estadual ou municipal, teve sua condição agravada durante os últimos meses. Com a Pandemia, os ataques aos serviços públicos vêm se ampliando pelo governo Bolsonaro e tende a se agravar ainda mais nos próximos períodos.
No que diz respeito ao trabalho docente, sem
dúvida, pode-se afirmar, com base nos diferentes trabalhos que vem sendo
realizados pelos docentes, desde o começo da Pandemia do COVID-19 tais como
participação em reuniões, pesquisas, debates etc. de forma remota que haverá
sim grande precarização do trabalho com o retorno das AEREs. Os motivos são dos
mais variados e podem mudar de acordo com as condições de cada um(a). Uma das
mais prejudicadas nesse processo, sem sombra de dúvidas, será as docentes que
possuem crianças pequenas. Isso se dá em função delas, além de terem que
ministrar aulas remotas de suas residências, muitas vezes sem possuir espaço
físico e equipamentos adequados, terão que combinar suas atividades com as
atividades de ensino remoto e cuidados dos/as filhos e, além disso, bancarem os
custos financeiros necessários para a realização do chamado ‘home office’. Embora
as atividades de ensino e cuidado dos filhos devam ser compartilhadas entre o
casal, muitas vezes o companheiro exerce o trabalho fora de casa,
presencialmente, sobrecarregando o trabalho da docente ao ter que trabalhar e
cuidar dos filhos ao mesmo tempo. Claro que este processo pode ocorrer, em
alguns casos, também de forma inversa.
Outro
grande desafio, sem sombra de dúvida, será evitar a exclusão da comunidade
discente, bem como a acessibilidade de pessoas com deficiência. Esta
responsabilidade cabe tanto ao governo federal como a Gestão atual da
Unipampa”.
Rubem: “Infelizmente, este tema pouco avançou e não
gerou maiores preocupações por parte da gestão. Neste sentido, é triste
perceber que a universidade não se distancia de metodologias produtivas do
mercado que pouco visam a qualidade e as condições do trabalho em prol da
produção final.
Ainda
não podemos deixar de lado em reuniões futuras que a qualidade da formação de
nossos alunos passa obrigatoriamente pelo bem estar do trabalhador docente e
suas condições de trabalho. Isto deve ser sempre pautado nas instâncias
superiores da universidade e debatido entre nós docentes cotidianamente. A
igualdade de acesso ao ensino remoto e a isonomia nas condições de trabalho
ainda não estão contempladas na atual proposta e precisamos avançar”
Jefferson: “Temos que considerar que esta modalidade,
não pode ser considerada uma proposta de ensino, muito menos aula. Remeto aqui
uma passagem do parecer do professor Rubem, que esclarece “[...]projeto de
ensino remoto fere a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, pois
os alunos serão meros receptores de material digital, perdendo este contato
valioso fundamental para a boa formação acadêmica.” Ou seja, o que se propõe é
uma forma de atividade que, pelos relatos que já temos de colegas de outras
IES, ficará muito aquém de uma postura educativa efetivamente transformadora,
que é uma das bases do PDI das nossa universidade.
A
meu ver, teremos mais o que perder do que a ganhar, nesta forma de “atividade”
que estaremos oferecendo aos nossos acadêmicos. Serão tempos em que além da
fragilidade que todos nós estamos passando com o isolamento social, passaremos
pelo estresse de um processo que trará poucos ou nenhum benefício para formação
dos nossos acadêmicos. Seguramente será um período de adoecimentos e estresses
para todos os envolvidos: docentes, técnicos administrativos e discentes”
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