Solidariedade e organização: as ações solidárias das seções sindicais gaúchas do ANDES-SN se mostram essenciais na pandemia da COVID-19

A SESUNIPAMPA conversou com o técnico administrativo Jefferson Ferron e com o professor Marcos Paulo Pinto sobre as ações solidárias envolvendo a UNIPAMPA e a importância dela para a comunidade e para os discentes que se encontram em situação de vulnerabilidade.

   Os efeitos da pandemia da COVID-19, para além dos sintomas da doença, se manifestam também no orçamento das famílias, estudantes e população em geral. Como já publicado em matérias anteriores, o ANDES-SN fomentou que as seções sindicais exercessem papel de apoio à comunidade através de ações solidárias, tendo me vista que o governo federal age com displicência quanto ao coronavírus e uma parcela muito grande da população não obteve acesso ao auxílio emergencial.

   Visando promover acesso aos direitos básicos, como higiene e alimentação, a SESUNIPAMPA promoveu e ainda promove ações solidárias com a finalidade de fazer repasses para os setores responsáveis pela distribuição de cestas básicas e kits de higiene para os discentes da Universidade Federal do Pampa.  A ultima campanha organizada pela seção foi com o intuito de arrecadar valores suficientes para a distribuição de kits de higiene, contendo água sanitária, álcool gel, desinfetante, álcool, sabão e matérias de uso de higiene pessoal.

       Mesmo a responsabilidade com a população sendo dos governos, quando o mesmo falha e deixa o povo a mercê da própria sorte, é necessário que os movimentos sociais, instituições e organizações utilizem de suas forças para auxiliar os que precisam, sempre com um posicionamento crítico e assertivo, de questionamento e cobrança aos órgãos responsáveis.

      Outras seções sindicais também tiveram iniciativas com a finalidade de ajudar quem precisa, como no caso da APROFURG, que através de doações, contribuiu para a redução de danos causados pela pandemia da COVID-19. “Em Santo Antônio da Patrulha a APROFURG fez uma doação de Equipamentos de Proteção IndividuaL (EPIs) para a secretaria da saúde do município. Foram doadas diversas luvas látex, óculos incolores e capas de chuva amarelas. Já para o Hospital Universitário da FURG (HU), que é referência na região, a APROFURG conseguiu comprar e doar óculos cirúrgicos de proteção, toucas grandes e luvas de nitrilo azuis, o que acabou ajudando os profissionais que estão na linha de frente no combate ao coronavírus. Para a Escola de Química e Alimentos da FURG (EQA/FURG), o Sindicato fez a compra de alguns litros de peróxido de hidrogênio 35% e diversos quilos de glicerina bi-destilada branca, para ajudar na produção de álcool glicerinado. Uma segunda doação também foi realizada de 500 litros de álcool 92%, que vão ser transformados em álcool 70%.”  (APROFURG, MAIO, 2019)

Imagens: APROFURG (http://www.aprofurg.org.br/novo/index.php/joomla-pages/about/159-aprofurg-contra-o-coronavirus-e-a-favor-da-solidariedade)

SOLIDARIEDADE E ORGANIZAÇÃO PARA ENFRENTAR A PANDEMIA!

    Auxiliar a população em situação de vulnerabilidade é importante, e organizar esta população para a luta diária também. Mesmo que a prioridade seja sanar necessidades básicas, entender a motivação da situação em que nos encontramos, bem como o que nos levou até o cenário político que estamos é fundamental para a organização e enfrentamento dessas demandas, pois sabemos que elas sempre existiram, mas tomaram maiores proporções durante a pandemia pois impossibilitou que parte da população seguisse com seus trabalhos de maneira cotidiana.

     O Andes-SN listou algumas sugestões de como buscar engajamento e participação nas ações solidárias, onde toda seção sindical, sindicato ou movimento social pode tomar iniciativas.

“E você, o que está fazendo?
Incentive sua seção sindical a aderir às campanhas de solidariedade.
Existem muitas formas de contribuir, como:
- Organização de campanha de doação de sangue em sua rua ou condomínio. Os bancos de sangue estão com estoque baixo em várias cidades e podem ir até o local para a doação;
- Doação de alimentos e material de higiene para os moradores de periferia;
- Doação de equipamentos de proteção para voluntários que estão na linha de frente nos processos de auto-organização das periferias;
- Financiamento de carros de som nos bairros de periferia;
- Spot de rádio em defesa da vida, da educação, ciência e tecnologia públicas.
Mande informações e fotos (se possível) das ações que sua seção sindical está realizando. Agora, mais do que nunca, é hora de mostrarmos nossa solidariedade de classe.”

Fonte: ANDES-SN (https://www.andes.org.br/conteudos/noticia/acoes-de-secoes-sindicais-sao-cruciais-para-enfrentamento-da-covid-19-em-comunidades1)

SESUNIPAMPA PERGUNTOU:

            A SESUNIPAMPA buscou saber sobre os efeitos das ações solidárias que realizou, bem como se manter informada sobre a situação de cada Campus e de sua comunidade acadêmica,  e conversou com o Jefferson Ferron, Administrador formado pela Unipampa (2012), Especialista em Gestão de Pessoas pela Unopar (2014) e mestre em administração pela Unipampa (2019). Jefferson técnico administrativo em educação na Unipampa desde 2010 e atualmente atua na coordenação administrativa do campus Santana do Livramento. Desenvolve pesquisas com agricultura familiar, assentamentos rurais estratégias de reprodução social.

SESUNIPAMPA: Passando já praticamente dois meses de enfrentamento a pandemia, como esta sendo o combate a ela em seu campus?

JEFFERSON: Conforme determinação dos órgãos superiores as atividades acadêmicas e administrativas estão suspensas. Os servidores estão em trabalho remoto e quando precisam vão ao campus apenas para demandas pontuais. O combate a pandemia tem ocorrido com o cumprimento das medidas de isolamento social, inclusive com a dispensa de prestação de serviços terceirizados, realizados em apenas um turno em dias alternados e com diversas campanhas de arrecadação de alimentos, gêneros de higiene e doações para a comunidade acadêmica e externa.

SESUNIPAMPA: Quais as lições que estamos aprendemos nesse processo de enfrentamento a pandemia?

JEFFERSON: Penso que a principal lição que a pandemia nos deixa é que a saúde é uma questão pública e assim deve ser tratada por qualquer Estado Nacional.   Desta forma, sempre que o Estado se omite dessa responsabilidade ocorrera tragédias, bem piores do que está ocorrendo no Brasil, a exemplo do que ocorre nos EUA atualmente.

   A SESUNIPAMPA também conversou com o professor Paulo Marcos Pinto, biólogo formado pela UFSM, com mestrado e doutorado em biologia celular e molecular pela UFRGS. É professor do campus São Gabriel desde julho 2010, atuando nas áreas de Genômica e Proteômica.

SESUNIPAMPA: Passando já praticamente dois meses de enfrentamento a pandemia, como esta sendo o combate a ela em seu campus?

PAULO: O campus São Gabriel está seguindo todas as normas determinadas pela reitoria da Unipampa e governos, municipal, estadual e federal. O campus vem mantendo os servidores e alunos no maior distanciamento social possível, principalmente, pela implementação do teletrabalho ou outras atividades em ambiente digital.

Além disso, o campus tem contribuído com a comunidade externa através de ações diretas, por exemplo, arrecadação e distribuição de alimentos para famílias em vulnerabilidade social, com prioridade a alunos e servidores terceirizados, também através da inciativa do Prof. Felipe Lima estão sendo fabricadas máscaras do estilo “face shield” que são doadas para municípios da região de São Gabriel e por fim por iniciativa dos Professores Andrés Cañedo, Jeferson Franco, Juliano Boldo e Luiz Fernando Roesch, foi implementado um laboratório de diagnóstico molecular, onde estão sendo realizados testes padrão ouro (RT-PCR) de diagnóstico da Covid-19.

SESUNIPAMPA: Quais as lições que estamos aprendemos nesse processo de enfrentamento a pandemia?

PAULO: Inicialmente, penso que este é o maior desafio que a nossa geração viu, tanto pela gravidade da doença quanto pelos efeitos deletérios que serão deixados por tal acontecimento. Eu sinto que a maior lição que podemos aprender é o quão rápido o cenário da nossa vida cotidiana pode ser alterado, como é o nosso caso atual, uma doença que alterou vários dos nossos paradigmas, por exemplo, nos proibindo de nos cumprimentar por um simples aperto de mãos. Por fim, espero que a nossa sociedade aprenda com esta pandemia, e nos tornemos aquilo de melhor que possamos ser.