Nos últimos dias 23 e 24 de abril passados, em São Borja, um professor e estudantes da Unipampa foram alvos de violência policial durante protestos dirigidos contra o aumento da tarifa de ônibus municipal. As informações da matéria são do companheiro docente Cesar Beras, participante do movimento.
A partir do anúncio do aumento do preço da passagem de ônibus no dia 20, estudantes organizaram o Bloco de Lutas pelo Transporte Coletivo de São Borja, juntamente com discentes do IFFar e integrantes do CPERS e do Sindicato da Alimentação locais. O movimento defende que se suspenda por 60 dias o aumento de R$ 2,90 para R$ 3,55 e se realize um amplo estudo técnico das planilhas de cálculo culminado com uma audiência pública para a discussão e encaminhamento democrático e transparente da situação.
Depois da busca frustrada de diálogo com a prefeitura no dia 22, o movimento decidiu por realizar um bloqueio na garagem da empresa Integração, na madrugada do dia seguinte, justamente para dar visibilidade à causa e conseguir que suas reivindicações fossem ouvidas pelas autoridades municipais. Naquele momento, atendia pela prefeitura o vice-prefeito. Não havendo acordo entre as partes, foi autorizado que os ônibus deixassem a garagem, avançando contra o movimento organizado com cerca de 150 pessoas, deixando feridos estudantes da Unipampa e do IFFar.
Foto: Bloco de Lutas do Transporte Público - São Borja.
Tendo os ônibus recuado a partir da resistência do movimento organizado, e contando com apoio da população, foi montada uma vigília no local. Porém, na madrugada do dia 24, a empresa ordenou a saída dos veículos da garagem, amparada pelo reforço do aparato policial. Após longa negociação o movimento continuou de forma pacifica bloqueando a passagem, o que levou a uma reação violenta da polícia com o uso de spray de pimenta e agressões físicas, além da ameaça do uso de balas de borracha, provocando um confronto desigual com jovens desarmados, e culminando com a prisão de um aluno da Unipampa de forma truculenta. Diante disso, o movimento decidiu ir até a prefeitura exigir uma reunião com as autoridades municipais. Depois de negociação e ocupação do prédio, o prefeito aceitou que se formasse comissão de 12 pessoas (sendo apenas dois integrantes do movimento) para estudar o caso, mas que a decisão final sobre o aumento fosse tomada no prazo de 48 horas, condição que, depois de ser avaliada, não foi aceita pelo Bloco, por não atender as principais reivindicações construídas pelo movimento. Diante deste impasse, novos atos já estão previstos para o dia 30 de abril e 09 de maio.
A partir dos fatos acima narrados, a Diretoria da Sesunipampa manifesta sua solidariedade com o docente Cesar Beras e todos os integrantes do movimento em defesa do transporte público de São Borja. Consideramos sua luta mais do que justa, e que combate mais um dos elementos que prejudica as condições de permanência dos estudantes na universidade, já precarizadas intensamente com a diminuição das verbas da assistência estudantil, processo que vem sendo denunciado nos últimos tempos por esta seção sindical. Igualmente, repudia quaisquer atos de violência policial e criminalização dos integrantes do movimento, o que expressa de modo veemente a crescente criminalização dos movimentos sociais em curso atualmente em todo o país.