Data: 16/03/2017
Foi
uma mobilização como há muito tempo não se via. Milhares de pessoas
paralisaram suas atividades na última quarta (15), Dia Nacional de
Greves, Protestos e Paralisações contra a Proposta de Emenda à
Constituição (PEC) 287/16, da contrarreforma da Previdência. Os atos de
rua também tiveram grande adesão. Em São Paulo (SP) e Rio de Janeiro
(RJ), mais de 100 mil pessoas participaram. Em Belo Horizonte (MG) foram
60 mil, e, em Curitiba (PR), 50mil.
Além
do combate à PEC 287/16, também estava na pauta dos manifestantes o
rechaço à contrarreforma Trabalhista, Projeto de Lei (PL) 6787/16, e aos
demais ataques que os governos federal, estaduais e municipais tentam
desferir aos direitos dos trabalhadores. A data marcou, ainda, a
deflagração de greve dos professores de educação básica. De acordo com a
Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), professores
de 13 estados e do Distrito Federal estão em greve desde a quarta-feira
(confira a lista ao final da matéria).
Em
São Paulo, a maior manifestação do dia lotou a avenida Paulista. Mais
de 100 mil pessoas se manifestaram contra os ataques à Previdência
pública e contra o governo de Michel Temer. Mesmo com as ameaças de
retaliação por parte dos governos paulista e paulistano, houve
paralisação dos metroviários e de parte dos rodoviários. O apoio popular
à luta contra a PEC 287 foi tão grande que chegou a furar o bloqueio da
imprensa hegemônica.
No
interior paulista, na região metropolitana, e no litoral houve forte
mobilização operária. Em São José dos Campos, os trabalhadores da GM
atrasaram a entrada ao trabalho em 3 horas. Na Embraer também houve
atraso na entrada e ato público. E em Jacareí os metalúrgicos da
montadora chinesa Cherry decretaram greve por 24 horas. Foi realizada
uma greve da Volks em São Bernardo do Campo, e os petroleiros da
Refinaria de Capuava, em Mauá, também cruzaram os braços. Em Santos, os
portuários pararam e tiveram que enfrentar a repressão da Polícia
Militar. Os motoristas de ônibus pararam 100% das linhas nas cidades de
Santos, Guarujá, Praia Grande e Cubatão.
No
Rio de Janeiro, a manifestação foi a maior desde junho de 2013, levando
mais de 100 mil pessoas ao centro da cidade. Uma das faixas da ponte
Rio-Niterói foi bloqueada logo cedo e os trabalhadores dos correios do
município do Rio não entraram para trabalhar. Um ato de mulheres ocupou a
sede do INSS na capital fluminense durante o dia, com ativa
participação da base do ANDES-SN.
Houve
grande repressão policial após a dispersão do ato carioca. A professora
e ativista da Aldeia Maracanã, Mônica Lima, sofreu três fraturas na
perna e deve passar por cirurgia após agressão da Guarda Municipal. A
Polícia Militar também lançou bombas de gás nas dependências do prédio
do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais e do Instituto de História
da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Em
Belo Horizonte, 60 mil pessoas participaram de um ato pela manhã.
Paralisaram suas atividades os professores estaduais e municipais,
metroviários, servidores públicos federais e estaduais, eletricitários e
correios. Houve, ainda, atos e manifestações em Uberaba, Uberlândia,
Varginha, Poços de Caldas, Pouso Alegre, Governador Valadares, Montes
Claros e São Francisco. Em Juiz de Fora, o ato unificado contou com
cerca de 30 mil manifestantes.
Em
Curitiba, 50 mil pessoas protestaram no Centro Cívico. Cruzaram os
braços metalúrgicos, motoristas e cobradores, carteiros, bancários,
servidores das universidades federais, servidores municipais,
professores e funcionários da educação estadual, professores da rede
municipal, agentes penitenciários, policiais civis, servidores da saúde
estadual e petroleiros.
Em
Recife (PE), 40 mil pessoas saíram às ruas. Em Fortaleza (CE) e
Salvador (BA), os números de manifestantes chegaram a 30 mil. Em Goiânia
(GO), foram 13 mil e, em Belém (PA), 6 mil. 10 mil pessoas se reuniram
em Porto Alegre (RS) para lutar contra a PEC 287, e 5 mil em Brasília
(DF), onde os manifestantes ocuparam durante quase todo o dia a sede do
Ministério da Fazenda.
Avaliação
Eblin
Farage, presidente do ANDES-SN, afirma que houve grande adesão das
seções sindicais à paralisação e às manifestações contra a PEC, e
ressalta a importância do Sindicato Nacional na construção dos atos
unificados. “A participação do ANDES-SN foi muito positiva. Fomos
protagonistas na articulação nos estados, sempre prezando pela
construção da unidade com as centrais, sindicais e movimentos sociais”,
diz.
“A
avaliação é muito positiva. Ficamos animados com as mobilizações,
porque elas mostraram que, quando a classe trabalhadora quer, as
entidades sindicais são capazes de construir lutas unificadas. Foi a
maior manifestação desde 2013, com diferença fundamental, que é que as
manifestações de ontem foram organizadas por entidades da classe”,
completa a docente.
Sobre
as próximas ações, a presidente do ANDES-SN afirma que é necessário
construir, ainda no mês de março, um grande ato nacional em Brasília
contra a PEC 287. “Agora não podemos esmorecer. Temos que intensificar a
mobilização nas ruas, porque essa é a única linguagem que o governo
entende. No dia 14, o relator da PEC 287 deveria ter divulgado o
cronograma de votação da proposta, mas ainda não o fez. Nossa avaliação é
que o governo está inseguro, e sua base começa a se dividir. A nossa
pressão está surtindo efeito, e temos que seguir pressionando os
deputados nos estados”, conclui Eblin Farage.
Com informações de CSP-Conlutas, Aduff-SSind, EBC, Mídia Ninja e CNTE. Imagens de Mídia Ninja.
Docentes da educação básica em greve (fonte: CNTE)
Alagoas
Bahia
Distrito Federal
Goiás
Mato Grosso do Sul
Minas Gerais
Paraíba
Paraná
Pernambuco
Rio Grande do Norte
Rio Grande do Sul
Rondônia
São Paulo
Sergipe
Fonte: ANDES-SN
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Dúvidas, críticas e opiniões - comente!