quinta-feira, 23 de abril de 2015

Análise de conjuntura do movimento docente e mobilização da SESUNIPAMPA

Caros colegas,

Neste momento de fortes ataques a toda classe trabalhadora, em particular aos
servidores públicos e à universidade pública, cabe ao movimento docente se posicionar enquanto classe,  sobretudo enquanto classe de trabalhadores da educação. O último 15 de abril ficou marcado como o Dia Nacional de Paralisação contra o Projeto de Lei (PL) 4330/04 (o projeto da terceirização), que estava sendo votado na Câmara dos Deputados, e as Medidas Provisórias (MP) 664 e 665, de 2014. A Sesunipampa aderiu à luta  e fizemos atividades nos diversos campi. 


O movimento pode ser considerado vitorioso pois a votação do projeto foi adiada.Não por coincidência, paralelamente ao projeto de lei da terceirização, o STF desengavetou e votou a Ação Direta de Inconstitucionalidade  (ADI) 1923, contrária às normas que regulamentam as organizações sociais. O STF decidiu pela validade da prestação, por essas organizações, de serviços públicos de ensino, pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico, proteção e preservação ao meio ambiente, cultura e saúde. Esta decisão tem sérias implicações na universidade pública. De fato, abre o  caminho para a "terceirização" do trabalho docente.



Em nota, o MEC  ressalta que as Organizações Sociais sempre existiram e nunca foram substitutivas da administração pública na sua totalidade. Uma verdade redundante. Na mesma nota afirma: "espera-se que a consolidação do modelo ajude a incrementar, de forma complementar, os projetos estratégicos das citadas instituições." Importante ressaltar que as OS são "contratadas" para atividades fins em setores,  fragmentando (entre outros impactos negativos) ainda mais o conjunto de atividades e a contratação de trabalhadores (docentes), significando o fim da possibilidade de uma carreira única dos docentes e a proliferação de modalidades de "carreiras", salários" e "regimes de trabalho", dentre outras características do trabalho docente. Poderão, por exemplo, contratar em cada universidade não uma, mas várias OS.

Seus impactos são perversos, dado que a contratação entre ente público e a OS se dá por meio de "Contratos de Gestão" (ferramenta que fundamenta a implementação da perspectiva gerencialista nos serviços públicos, cobrando indicadores essencialmente quantitativos), que já conhecemos a partir do REUNI, que nada mais é que versão de um contrato de gestão que relaciona o público (universidades) com o público (MEC). Neste sentido, ratifica de vez que a educação em nosso país é serviço prestado (reforma de Bresser) e não mais um direito. Com efeito, o modelo baseado no produtivismo, que já se generaliza nas universidades, só se aprofundará.

Diante deste quadro, os servidores públicos federais optaram por uma ação conjunta. No que concerne ao agravamento das perdas salariais de todo o setor, os servidores estão propondo para o governo uma negociação coletiva. Na primeira reunião entre servidores e governo, este já acenou contrário à negociação coletiva, à data base unificada e afirmou que haverá, se houver, apenas um reajuste salarial para todo o mandato. Em relação à carreira docente, o governo reconheceu na última reunião ocorrida no ano passado que a mesma precisa ser rediscutida e que o resultado final não ficou bom. Marcou reunião para fevereiro deste ano mas desmarcou duas horas antes do começo da mesma, mostrando mais uma vez o desrespeito com a categoria.

Dado que o governo já sinalizou quem vai pagar pela crise, várias categorias estão discutindo a possibilidade de uma greve. Em particular, desde março os docentes estão discutindo a construção da greve. As seções sindicais devem chamar assembleias entre os dias 20 e 24 de abril para discutir o indicativo de greve. Visto que nos comprometemos em fazer assembleias multicampi realizadas por videoconferência para que os colegas de campi diferentes possam discutir, não tivemos o tempo hábil para chamar estas assembleias. Decidimos esperar o relatório da reunião do setor das federais do ANDES-SN (que ocorrerá neste sábado e fará o cômputo geral das assembleias em todo país), e chamar uma assembleia para semana que vem, a fim de discutir nosso posicionamento, prevista para o dia 29 de abril às 17h em todos os campi.

Pedimos aos colegas sindicalizados que mobilizem seus campi para conseguirmos maximizar a presença dos docentes em nossa próxima assembleia e nos posicionar neste momento tão delicado.

Saudações sindicais,

Direção SESUNIPAMPA


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Dúvidas, críticas e opiniões - comente!