quinta-feira, 30 de julho de 2020

SESUNIPAMPA NO 8° CONAD EXTRAORDINÁRIO VIRTUAL DO ANDES-SN



Iniciou hoje (30) o 8° CONAD extraordinário do ANDES-SN, que acontece de maneira virtual devido a pandemia da COVID-19. A pauta principal é a prorrogação do mandato da atual diretoria do ANDES-SN, já que o momento impossibilita a realização de novas eleições.

“Diante do isolamento social imposto pela pandemia da Covid-19, foi suspenso pela Comissão Eleitoral Central (CEC) do ANDES-SN, em acordo com as chapas inscritas, o processo eleitoral que escolheria, em maio deste ano, a nova diretoria da entidade para o biênio 2020-2022.” (ANDES-SN, 30 de julho)

Com a média de 64 delegados, iniciou com a mesa de abertura composta por várias entidades, reafirmando a solidariedade pelas vítimas da COVID-19 e a reafirmação da necessidade do Fora Bolsonaro e Mourão. O presidente do ANDES-SN, Antonio Gonçalves, o 8º Conad Extraordinário é importante pela excepcionalidade do momento atual. “A pandemia da Covid-19 tem ceifado milhares de vidas pelo mundo, desnudado a face mais cruel do capitalismo que coloca o lucro acima da vida, e tem nos feito refletir sobre a nossa relação com a natureza e os desafios do mundo do trabalho com a tentativa do Capital de fazer avançar agenda neoliberal”, disse em entrevista ao ANDES-SN.



    O 8º CONAD extraordinário do ANDES-SN refirma um compromisso direto com a democracia de base, vide a ampla participação que esta acontecendo desde hoje de manha: 71 uma seções sindicais, 64 delgados(as) de base, 133 observadores(as), 07 convidados, 20 diretores totalizando 224 participantes. Após a votação do regimento do encontro iniciou-se pela tarde a reflexão sobre a conjuntura onde esta se afirmando a necessidade do #forabolsonaroemourão, um governo genocida e ultraliberal, a serviço do capitalismo e da elite nacional, a necessidade da defesa da universidade publica, gratuita, laica e de qualidade e nesse sentido a contestação de propostas de ensino remoto que precarizam a atividade docente e excluem a comunidade acadêmica e a necessidade de pensarmos uma nova normalidade não afirme o mercado, mas a condição humana sobre todas as coisas.

DELEGAÇÃO SESUNIPAMPA

   A delegação da SESUNIPAMPA neste CONAD foi composta por docentes do campus São Borja, sendo eles Cesar Beras, (presidente da SESUNIPAMPA) e as professoras Elisângela Maia Pessoa e Adriana Cantini.




    O encontro ainda ocorrerá no dia de amanhã, 31 de julho, e será possível conferir na segunda-feira a matéria completa da SESUNIPAMPA sobre a participação no CONAD.

terça-feira, 28 de julho de 2020

Ensino remoto: a alternativa diante da pandemia da COVID-19 e seus impactos na comunidade acadêmica.



Em meio à pandemia do coronavírus e a proposta de ensino remoto na universidade pública, a SESUNIPAMPA pensa os impactos da alternativa apresentada em uma realidade acadêmica que não permite acesso a todos os discentes ou garantia de direitos trabalhistas aos docentes. Conversamos com a professora Marina Barbosa Pinto, presidente da APESJF SSIND sobre educação e alternativas possíveis em um momento pandêmico.

      A polarização do debate sobre voltar ou não voltar às aulas na UNIPAMPA tem tomado grandes proporções no âmbito acadêmico. Assunto de interesse de todos e todas, as discussões sobre ensino remoto e a forma de implantação por parte da reitoria são as principais questões levantadas.
   A preocupação se refere as garantias de acesso aos discentes e as condições trabalhistas dos docentes, por exemplo, todos os docentes possuem em sua residência infraestrutura para o trabalho remoto? todos e todas querem um retorno das atividades acadêmicas, mas que elas não sejam excludentes, segregatórias, autoritárias e sem considerar as condições de trabalho da categoria docente.
      A UNIPAMPA possui uma comunidade acadêmica variada, e por ser multicampi, precisa compreender as distintas realidades e proporções. A vulnerabilidade social por parte dos estudantes apresenta índices elevados, mesmo contando com a disponibilidade do auxilio permanência.
      O retorno das atividades precisa ser pensado e construído coletivamente, encontrando soluções e alternativas que não causem danos a comunidade acadêmica e que contemple os critérios de educação pública ao qual os discentes fizeram suas matrículas e ao qual os docentes prestam seus serviços.

Pensando o ensino remoto
           
      Pensar o ensino remoto não é uma tarefa simplória, e atrelado ao contexto pandêmico que estamos inseridos, se torna ainda mais delicado. É preciso entender este processo a partir de duas perspectivas (docente e discente) e considerar as condições reais da comunidade acadêmica.
     Enquanto categoria docente seria inocência não pensar as questões trabalhistas que estarão envoltas nesta problemática. Todos os docentes possuem em sua residência infraestrutura para o trabalho remoto? Isto é, internet de qualidade, espaço próprio para o desenvolvimento do trabalho, sem interferência dos demais familiares que ali residem? Estas questões precisam ser levantadas, pois permitir que o trabalho adentre o ambiente que seria de descanso, relaxamento e acima de tudo o espaço particular de cada sujeito, que interfere diretamente na qualidade de vida e saúde psíquica.
      Considerar também, que as aulas online são um risco a categoria é necessário. O uso indevido da imagem dos docentes não foi discutido com a base, onde nenhuma garantia de que as aulas não serão gravadas ou utilizadas de maneira posterior a pandemia foram garantidas. Sabendo que muitos serão excluídos na atual proposta de calendário, não é possível saber se as mesmas aulas não serão utilizadas para suprir as lacunas deixadas devido ao atropelo do processo e a displicência para com os que não terão o privilégio de ter acesso a educação dentro dessas condições.

Alguns argumentos utilizados para afirmar uma proposta excludente:

“A imagem que a sociedade tem da Universidade e do professor”
Considerando que a leitura que a sociedade faz tanto do professor quanto da universidade, é oriunda do senso comum e de uma sociedade que mesmo possuindo acesso a educação, não possui acesso a educação popular e de massas, a cultura e ao lazer de maneira democrática, não será este momento, e também não será esta proposta de calendário que irá trazer ao professor ou a universidade uma leitura honesta. Esta “imagem” esta enraizada e possui uma forte herança ditatorial, onde será necessário acesso a todos e todas para que ela venha a passar por transformações. Negar o acesso a educação para a maioria dos estudantes diz muito mais sobre a universidade e sobre os professores do que fornece-la para uma pequena parcela de alunos afim de manter o produtivismo.

“Iremos perder o ano de 2020 inteiro”
Entendemos que o momento atual é excepcional, e cuidar de pessoas e suas famílias, preservar a vida e encontrar formas de sobrevivência estão em predominância e precisam estar a frente de quaisquer outras problemáticas. Não estamos perdendo um ano, mas sim a vida do povo brasileiro. Como alternativa, outras atividades poderiam estar sendo ofertadas pela universidade, como DCG’s e ACG’s, que não são disciplinas obrigatórias, podem contemplar parte da comunidade acadêmica, mantém uma rotina de trabalho e estudos, acrescenta no processo de ensino-aprendizagem durante a pandemia e não exclui.

“Garantir a formação para os prováveis formandos para que entrem no mundo do trabalho e ajudem suas famílias em meio a pandemia”
Atribuir um processo de formação precarizado para garantir diploma não necessariamente irá implicar na geração de novos empregos. Sabemos que o mundo do trabalho é cruel e exigente, onde a excelência na formação deve ser prioridade, sem atropelos ou imediatismos que não acrescentam qualidade no processo de formação.

“Não querer trabalhar”
A profissão docente possui imensa importância no processo educacional, e exige de todos comprometimento e responsabilidades. Atividades seguem sendo desenvolvidas, como lives, encontros, orientações, reuniões docentes e da universidade, entre outras. Um retorno seguro e democrático hoje não é impossível e ainda é um desejo de toda categoria.

O ensino remoto para os discentes

     O ensino remoto para alguns, só foi descoberto em 2020. Com um alto índice de vulnerabilidade social, a falta de computadores e sistemas de internet é algo frequente para os discentes. Para muitos, se fosse um pré-requisito a disponibilidade de rede e de eletrônicos, a matrícula não teria sido efetuada. É comum encontrar os espaços como sala de informática, biblioteca e sala de estudos lotadas, devido a necessidade de infraestrutura (que mesmo precária) só a universidade pode oferecer.
         Propor que os discentes que fizeram suas matrículas presenciais estudem de maneira remota, sem considerar a autonomia da classe estudantil e seu direito ao acesso a educação de qualidade, é excluir e é negar direitos de acesso.
      Segundo a discente Tatiana Fraga, aluna de Licenciatura em Ciências Humanas do campus São Borja, representante discente de seu curso e também assessora geral da SESUNIPAMPA, propor este calendário com disciplinas obrigatórias é uma atitude cruel com os mais vulneráveis.
“O que me chama atenção em meio a esta problemática toda é que se criou 2 grupos: eu quero aula e eu não quero aula. Só que isso é ilusório. Todos Queremos estudar e terminar o processo de ensino ao qual estamos inseridos. Mas o atropelo do calendário, junto com a autoridade dele precisou criar um inimigo para sobrepor a crueldade que ele é. O calendário exclui. O calendário gera precarização. O calendário não discutiu com a base sua construção. É quase inacreditável que estejamos passando por isso dentro de uma universidade que é publica, e esta instaurando um calendário como uma patrola, aos moldes do ensino privado, passando por cima de tudo e todos. Defender esse calendário hoje só é possível pra quem entende a universidade a partir da sua bolha, pois ser possível pra mim, não é ser possível para todos.  Precisamos mostrar nossa revolta e nos posicionarmos contrários ao calendário proposto, por uma nova proposta, que considere DCG’s e ACG’s e não oferte disciplinas obrigatórias. Que os bolsistas não sejam penalizados ou cobrados créditos no semestre enquanto não houver garantia de 100% de acesso (internet e computador). Que nenhum de nós fique para trás!” (Tatiana Fraga)

     O adoecimento psíquico por parte dos discentes também não é considerado. Nas pesquisas feitas na primeira etapa do calendário, em nenhum momento foi perguntado se algum discente sofreu perdas na família devido a pandemia, bem como não foram feitas perguntas sobre alimentação, cuidados básicos sanitários, se alguém veio a perder seu emprego ou se teve problemas já existentes potencializados pela pandemia. Para alguns, tais questões não dizem respeito a universidade, o que fomenta o distanciamento da classe trabalhadora dos espaços de ensino, pois não é de interesse considerar condições de vida.




Entrevista da semana
Conversamos com a professora Marina Barbosa Pinto, professora da UFJF do curso de Serviço Social e Presidente da APESJF SSIND sobre educação e ensino remoto, visando alternativas possíveis em um momento pandêmico.

SESUNIPAMPA: O que a pandemia afetou e vai afetar nos processos educativos nas universidades do Brasil?

Marina: “Neste tema, dedicamos as considerações às Universidades Públicas, assim como aos Institutos Federais que são fundamentais na produção, desenvolvimento e disseminação do conhecimento no país apesar das políticas governamentais de pouca valorização e investimento público. O tempo da pandemia tem reafirmado a importância destas instituições públicas com o leque de ações em pesquisa; produção de equipamentos, insumos, atendimento direto à população nas áreas de saúde e assistência e  ampliação das ações de extensão voltadas  para orientar a população para o enfrentamento deste momento tão delicado da vida. E ainda, atuação junto ao poder público  local na definição de estudos estatísticos, perfil epidemiológico e definição de estratégias, incluindo descobertas avançadas sobre a vacina.
Vivemos um momento onde há exigências para mudar o modo de funcionamento das instituições, diante do quadro que alterou a vida em sociedade, pelo menos para parte da população, visto que a maioria da classe trabalhadora segue tendo que, mesmo arriscando a vida, sair de casa para garantir seu sustento. Nas instituições estamos conseguindo manter a estratégia do isolamento como central, realizando, presencialmente somente atividades essenciais. Isso tudo num contexto de cortes impostos pela EC95 e pela redução de investimentos por parte dos órgãos de fomento. Mas há uma questão posta no interior das instituições e também na sociedade, que aparece de forma distorcida. Trata-se da parte da formação diretamente relacionada à sala de aula, às disciplinas que conformam os currículos formativos, parte que se complementa com a pesquisa e a extensão como tripé formativo. Por vezes, somos acusados de não estarmos fazendo nada, como expressam diferentes falas de membros do governo federal, que não estramos trabalhando desde o início da pandemia, isso é uma afirmação distorcida. Estamos fazendo muita coisa, em especial frente à pandemia, em especial porque nosso trabalho não se restringe a sala de aula, mas envolve pesquisa, trabalhos de extensão, produção do conhecimento e questões administrativas. Mas, neste momento em que a  necessidade de isolamento social se estende,  em razão do aumento da curva de contaminação. Não há condições sanitárias que nos permitam ter  segurança de voltar ao modelo de ensino-aprendizagem presencial como central, se utilizando do recuso de atividades à distância como restritamente em caráter  complementar, o que faz com que o governo e reitorias definam que seja adotado um modelo de ensino que é classificado como remoto. Ou seja, as atividades de formação curricular serão ou são realizadas de forma não presencial. Esta alternativa é apresentada como excepcional emergencial para o momento que vivemos, mas ela se coaduna perfeitamente com o projeto de educação que desconfigura o papel social das IES públicas e se coloca a serviço do capital, na medida em que os recurso tecnológicos serão propriedade privada de algum grande conglomerado capitalista. O que é determinado pelo lugar dependente do país na divisão internacional da produção de inovações tecnológicas e gera impedimentos para as instituições acessarem uma “plataforma livre” e a alternativa é se empenhar em fazer valer a produção independente do conhecimento e avançar numa produção própria. No campo da política educacional federal, esse momento de excepcionalidade pode abrir a possibilidade de acelerar e colocar em prática processos que estão sendo gestados e impostos desde o início dos anos 1990 pelos organismos internacionais (Banco Mundial, OMC, Unesco).  O que se verifica é que este modelo está impondo uma alteração brutal no processo de trabalho docente, sem nenhuma preparação,  com arremedos para viabilizar ações formativas e, ao mesmo tempo, pondo em xeque a universalidade das condições de quem acessa , visto que as pesquisas já confirmaram, na maioria esmagadora das IEs,  que a totalidade dos nosso estudantes não tem  condições para tal. Além disso, estamos experimentando ações das administrações que desprezam a democracia no funcionamento das instancias deliberativas para a definição das estratégias. Então o que se tem como tendência é estrangulamento da democracia interna, novo processo de trabalho docente que altera o conceito central do exercício profissional e gera demandas da capacitação e de equipamentos, e a restrição ao numero de pessoas com acesso ao estudo, mesmo já estando  no quadro de estudantes da IES. Pode ser que esse passo emergencial potencialize a o projeto educacional privatista nas instituições publicas e altere seu papel social e sua concepção formativa. Mas se é tendência, ela tem necessariamente, por força de existência uma contra tendência. E esta é forjada na luta coletiva, com a qual temos compromisso histórico. Aqui não cabe se negar o que a realidade apresenta, cabe ler essa realidade, saber decifrar e encontrar meios para manter o essencial do projeto educacional que prima pela formação crítica, com habilidades profissionais específicas, tendo a referência socialmente construída como padrão de qualidade igualitário.”

SESUNIPAMPA: Como avaliar as propostas de ensino remoto que têm sido apresentadas na atualidade pandemia?




Marina: Em primeiro lugar, lembro que muitas destas propostas sequer foram discutidas  nas instituições, o que já gera possibilidade de dar errado. Pois num momento de crise, é importante buscar construir sínteses, e nesta crise, sínteses que defendam a vida e permitam passos de acordo com a tarefa de manter o que é fundamental do projeto de nossas instituições, sem descaracterizá-las, para um tempo pós pandemia, que nem conseguimos ainda visualizar quando chegará, para as universidades públicas brasileiras. Nesse sentido, o diálogo com a comunidade acadêmica e o reconhecimento de sua diversidade e de suas reais condições, não apenas tecnológica, mas subjetivas, é fundamental. Em tempos de distanciamento social, é imperioso encontrar formas de manter a relação com os estudantes, técnico-administrativos em educação e docentes. Mas essa relação se estabelece pelo trabalho e aprendizado feito no cotidiano e hoje estamos num cenário em que a presença está impedida. Sendo assim, encontrar formas para manter o funcionamento essencial da instituição e a relação entre seus sujeitos exige  definir formas que necessariamente serão feitas de modo distanciado. A questão é que está sendo estabelecido o funcionamento total via uma transposição do que existia presencialmente para ao campo do “remoto”. Chama atenção alguns aspectos. Um, o que podemos identificar como uberização da docência, onde toda a estrutura e local de trabalho será de sua responsabilidade. Outro,  a capacitação profissional, que nem será assegurada para formar para o exercício da EaD,  e nem mesmo permitirá  e atuar no que se classifica como Ensino Remoto Emergencial.  E ainda, o processo de controle do trabalho, e o cerceamento à liberdade  de ensinar e aprender.
 Evidente que isso vai gerar conflitos, adoecimento e demandas diferenciadas. O que terá que ser respondido sindical e politicamente, num contexto em que as entidades de classe também estão sendo desafiadas. O risco é com um novo modelo de trabalho se processar o fortalecimento de um projeto de educação privatista para as instituições públicas e, assim rebater, de modo mais duro, o projeto educacional voltado para a emancipação humana, assumindo o ensino como algo que contribui  fortemente para a  transformação social , projeto esse que é objeto de nossa  luta permanentemente.

SESUNIPAMPA: O que seria uma volta alternativa com semestres sem uma oferta regular e qual sua importância?

Marina: “É preciso reconhecer que estamos num momento de transição da e na vida. Não temos como manter ações de antes e redefinir novas que busquem assegurar os resultados das anteriores. É preciso agir de fato para um contexto de transitoriedade. Assim, assegurar o que for essencial, assegurar formandos, assegurar orientações e estudos, realizar atividades acadêmicas complementares. Mas com duas condições: uma, que todos estudantes tenham acesso; e outra, que sejam desenvolvidas com definição de um protocolo pedagógico que objetive assegurar o padrão unitário de qualidade e  respeito ao processo de aprendizagem. Definir como se dará o processo de ensino para determinadas áreas  de conhecimento utilizando as ações desenvolvidas durante a pandemia. Obviamente com as condições de trabalho asseguradas, sem a uberização. Não definir mecanismos de controle e avaliativos nos moldes anteriores. E que as IES se dediquem rapidamente a  construir plataformas próprias e livres. Como base tem que ser assegurado o funcionamento democrático das IES para definir seus processos internos.  Quando da volta presencial, com certeza as IES que conhecemos e ajudamos a construir com nosso trabalho e luta, não serão as mesmas. Caso o modelo o privatista avance e prevaleça, a alteração será estrutural.  Mas, mesmo que o barremos, a hibridez ( ensino remoto e presencial ) deverá ser a  marca do momento pós pandemia nos nossos processos de trabalho e de aprendizagem. E teremos a oportunidade de lutar para conquistar mudanças como o fim de aulas em contêiner, 20 alunos por turma?, falta de infraestrutura das salas de aula, número insuficiente de taes e docentes para a nova estrutura. Enfim, a crise e a luta entre os projetos educacionais, seguirá e  forjará novas possibilidade de pautas e lutas, precisaremos definir táticas que fortaleçam nosso projeto estratégico de educação e de sociedade.


sexta-feira, 24 de julho de 2020

INFORME URGENTE: PEDIDO DE VISTAS AO PROCESSO DE PROPOSIÇÃO DE CALENDARIO ACADEMICO ALTERNATIVO E AERE NA UNIPAMPA.



Na reunião de hoje (24/07) do conselho Universitário (CONSUNI) da UNIPAMPA, instância decisória máxima da universidade, houve solicitação por parte do conselheiro professor Rubem  Ávila Jr (Campus São Gabriel) de pedido de vistas à proposta. Entenda abaixo o que isso significa e por que isso é uma vitória para aqueles que, como a base docente da SESUNIPAMPA, desejam que a democracia seja respeitada na universidade pública:

1.      A atual reitoria da UNIPAMPA tem agido de forma apressada e pouco dialógica em sua intenção de reestabelecer as atividades de ensino de graduação. Este processo, que visa a implantação do ensino remoto (AERE), tem sido feito com representantes previamente escolhidos nas instâncias colegiadas dos campi e de maneira verticalizada e com semblante autoritário.
2.      Tal condução, operada desde junho, visa em termos práticos impor um calendário de retorno às atividades de ensino que não leva a sério a discussão feita de forma democrática pela base universitária. Este processo atropela o PDI da instituição e afeta o equilíbrio da relação entre ensino, pesquisa e extensão. Igualmente, o mesmo processo exclui a maioria discente – a parte mais interessada e mais afetada – de uma participação adequada neste processo.
3.      Não menos importante, este processo impõe condições precárias de trabalho aos docentes para se adequem, no calor das circunstâncias e sem suporte estrutural, a um ‘novo normal’ que überiza a prática pedagógica em prol de resultados e respostas rápidas em um atual governo explicitamente desinteressado da educação pública, gratuita e socialmente referenciada.

Todos esses aspectos mencionados têm sido debatidos e evidenciados nas plenárias virtuais feitas pela SESUNIPAMPA com a categoria docente, de onde tem se originado posicionamentos que evidenciam a precarização do trabalho docente e da qualidade pedagógica do ensino discente diante das condições impostas pela reitoria.
Hoje, destacamos a importância do pedido de vistas feito pelo professor Rubem e apoiado pelos conselheiros cientes da necessidade de se rever e questionar pontos prejudiciais à categoria docente presentes na proposta de ensino remoto e que permitem que de fato se faça uma discussão pela base. Reiteramos que um o pedido de vistas é um direito regimental facultado aos conselheiros do CONSUNI para poder se manifestar sobre questões não devidamente esclarecidas e ou construídas, conforme RG da UNIPAMPA:
Art. 34 Os itens de pauta constantes da Reunião são discutidos de
acordo com a respectiva inscrição na convocação, sendo que a ordem pode
ser alterada ou podem ser feitas inclusões, devidamente justificadas, com
anuência do plenário.
§1º Os conselheiros, individualmente ou em grupo, podem pedir vistas
a processos em tramitação no CONSUNI por uma única vez em cada
processo;
§2º Todo o pedido de vista implica na apresentação de relatório por
parte do(s) solicitante(s) no prazo de 10 (dez) dias úteis a contar da data em
que os autos estiverem à disposição dele(s).
§3º Excedido o prazo, a Presidência determina a cobrança dos autos,
para que o processo seja automaticamente incluído na pauta da Sessão
seguinte. ( RESOLUÇÃO Nº 33, DE 29 DE SETEMBRO DE 2011)


Diante do exposto, são dados dez dias para a apresentação de um relatório que será apreciado em nova reunião do CONSUNI. Abaixo, a íntegra do pedido de vistas anexado à ata da reunião de hoje:
Pedido de vistas ao processo no 23100.008586/2020-80
Caro Reitor e demais colegas conselheiros.

Gostaria de começar esta argumentação lembrando o que diz o PDI da Universidade Federal do Pampa no item 3.2 sobre os Princípios orientadores da nossa instituição: “Formação acadêmica ética, reflexiva, propositiva e emancipatória, comprometida com o desenvolvimento humano em condições de sustentabilidade. Excelência acadêmica, caracterizada por uma sólida formação científica e profissional, que tenha como balizador a indissociabilidade entre o ensino, a pesquisa e a extensão, visando ao desenvolvimento da ciência, da criação e difusão da cultura e de tecnologias ecologicamente corretas, socialmente justas e economicamente viáveis, direcionando-se por estruturantes amplos e generalistas
Neste sentido, a proposta de ensino remoto especial sugerida fere gravemente tais princípios nos seus vários aspectos.
Primeiro, na ética, pois deixará uma parcela significativa da comunidade acadêmica alijada do processo educacional, visto as dificuldades socioeconômicas caraterísticas dos estudantes de nossa instituição. Não será qualquer bolsa auxílio que transformará as condições inadequadas de efetivo aprendizado, como celular, computadores ou espaços compartilhados com vários membros das famílias de nossos alunos. Ou ainda as questões técnicas que impedem mesmo o bom andamento de nossas próprias reuniões no âmbito institucional.
Segundo, tal projeto impacta negativamente a formação reflexiva, pois tais métodos remotos são extremamente ineficientes na proposição de críticas e reflexões nascidas do contato professor/aluno/ambiente e na dialética da sala de aula. Muito se discute sobre a ineficiência da metodologia à distância no ensino regular e na adequada formação técnico/científica. Esta discussão amplamente realizada na esfera dos diferentes cursos não foi levada em consideração em nenhum momento.
O que está sendo proposto visa à utilização de metodologias ineficientes e excludentes para depois contabilizarmos os prejuízos à formação. Além disso, tal projeto de ensino remoto fere a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, pois os alunos serão meros receptores de material digital, perdendo este contato valioso fundamental para a boa formação acadêmica.
A consolidação de uma universidade pública de qualidade passa pelo estabelecimento de processos democráticos de construção de efetivas medidas para a solidificação dos diferentes saberes acadêmicos.
O imediatismo deste projeto imposto sem ampla e coerente discussão faz vista grossa às outras inúmeras atividades que os docentes continuam a realizar. Artigos, projetos, pareceres técnicos, busca por financiamento externos e ainda a contínua formação estão na lista dos afazeres cotidianos. Muito disso conta com a colaboração de nossos estudantes. Além disso, formação complementar através de meios remotos já estão acontecendo.
Soma-se a estes fatores citados, o grave descumprimento de importante norma regimental que trata do rito costumeiro de prazo de dez dias anteriores à convocação para as reuniões deste conselho. Tal prazo é primordial para uma adequada apropriação dos temas relevantes. Além disso, a proposição do referido calendário se ampara em diretrizes e normas ainda não aprovadas e nem discutidas neste conselho.
Sendo assim, gostaria de pedir vistas ao referido processo e que registre-se esta manifestação em seus pontos primordiais na ata da presente reunião.
Rubem Ávila Jr.
Motivos.
Confira a fala do professor Rubem sobre o porque da pedida de vistas.
Acreditamos que o processo proposto de ensino remoto nega princípios norteadores crucias da universidade: ética, excelência no ensino e indissociabilidade de ensino, pesquisa e extensão. Além disso, limita a ação docente as aulas, sendo que os mesmos continuam a realizar as atividades corriqueiras da vida acadêmica, inclusive com ações em formação complementar em diversos âmbitos aos alunos. O imediatismo do projeto proposto nega a complexidade das questões envolvidas.”

quinta-feira, 23 de julho de 2020

sexta-feira, 17 de julho de 2020

SESUNIPAMPA realiza assembleia geral virtual: Mesmo em tempos de pandemia o compromisso com a democracia na base continua.



Convocada desde o dia 10 de julho, aconteceu ontem dia 16 de julho uma assembleia geral virtual da SESUNIPAMPA em caráter extraordinário, a partir da brecha legal oportunizada pela lei 14010/20 que nos permite discutir e deliberar sobre questões importantes que não podiam esperar.
Embora não seja parte de nossa metodologia usual que parte do principio da democracia direta e presencial, tivemos a oportunidade de, mesmo de forma virtual resgatar o princípio máximo de nosso sindicato: a democracia pela base.
 Iniciada, a assembleia em segunda chamada e assim regimentalmente podendo deliberar por qualquer quórum, criamos a s condições para refletir sobre a realidade que ora nos assola e poder pensar intervenções sobre ela. Veja a participação e reflexão da base em números que demonstra a intensidade e compromisso da categoria em pensar sua realidade:
Atividade
Quantidade
Docentes participantes
50
Campi
08 - São Borja, São Gabriel, Jaguarão, Dom Pedrito, Bagé, Itaqui e Caçapava do Sul,
Intervenções
25
Propostas votadas e aprovadas
09
Duração
3,2h

Confira agora uma síntese do que foi discutido em cada ponto da pauta: 1) Conjuntura; 2) Enfrentamento ao COVID-19 e posição sobre o ensino remoto na UNIPAMPA; 3) Eleição de delgado e observadores para CONAD extraordinário e 4) Informes gerais.



1)    A conjuntura atual
A primeira e necessária reflexão realizada foi sobre a atual conjuntura que estamos, inédita, a partir da maior crise sanitária que já vivenciamos. O professor Gabriel Chati de Jaguarão, também produtor cultural e 2º tesoureiro da SESUNIPAMPA introduziu o tema abordando três questões, confira alguns trechos de sua fala:
a) A crise do capitalismo em nível mundial e sua reação barbara  a pandemia querendo priorizar o mercado e não as vidas humanas, conforme o professor:

“Desde logo precisamos, enquanto categoria, considerar que a atual crise econômica, social, ambiental e política é constituinte do sistema de produção capitalista. O contexto da pandemia vem a agravar um quadro que já se apresentava e, nesse sentido, precisamos estar vigilantes quanto a uma ofensiva contra os trabalhadores e trabalhadoras que se intensifica. Diante de uma emergência sanitária de enorme envergadura e consequências gravíssimas, Estados nacionais agem para salvar o mercado financeiro em detrimento da reestruturação da economia e das relações de trabalho.” (Gabriel Chati)
 b) o ensino remoto que acelera a mercantilização do ensino, demonstra o compromisso ultraliberal do governo Bolsonaro e usa a pandemia como desculpas para cortar gastos. Nesse sentido Chati diz:
“Precisamos considerar a própria pandemia como resultado do avanço da fronteira agrícola e do consumismo e, no campo da educação, resistir a naturalização do ensino remoto ou à distância que atualmente desconsidera uma série de condições objetivas para sua boa execução como o preparo, a formação e o acesso de todas as pessoas envolvidas. O ERE acelera o projeto de mercantilização do ensino, em linha com interesses mais ou menos manifestos do neoliberalismo presentes no governo Bolsonaro e conluio com a família Guedes.” (Gabriel Chati)

c) o papel estratégico das instituições públicas que através de  pesquisas pode continuar auxiliando efetivamente no combate da pandemia , assim como aas organizações de classe que tem um papel central na disputa pela hegemonia de uma nova sociabilidade:

O papel das instituições públicas e de classe é o da organização de uma contraofensiva aos trabalhadores e trabalhadoras. Através da pesquisa, auxiliamos efetivamente no combate à emergência sanitária, pelo ensino, seguimos contribuindo com a formação crítica dos educandos para lidar com um novo contexto de crise aguda e de hegemonia em disputa.(Gabriel Chati)

1)     O enfrentamento ao COVID 19 e a posição sobre ensino remoto na UNIPAMPA
A segunda reflexão foi sobre a proposta de volta as aulas através da modalidade de ensino remoto, definida como ERE, que esta sendo discutida na universidade desde o inicio de Junho. A discussão foi intensa e demonstrou a necessidade da categoria pensar seu futuro e o futuro da UNIPAMPA. O momento de pandemia nos unifica em ser solidários e buscar alternativas de volta as aulas, algo que todos manifestaram querer. As maiores polemicas, condição necessária, do debate democrático, foram sobre como voltar? De que maneira? Em que condições?
Neste sentido após ampla discussão foram apresentadas 09 propostas que foram votadas e se transformaram na referencia, construída pela base para a ação do sindicato e da categoria. Neste sentido a SESUNIPAMPA lançou a nota 004/20 (confira a nota completa aqui: https://sesunipampa.blogspot.com/2020/07/nota-0042020-da-sesunipampa.html), devidamente encaminhada a reitoria com o teor completo das propostas. Confira uma breve síntese de cada proposta e vamos juntos construir nossa luta:
A categoria aprovou:
Processo de discussão acelerado e verticalizado
1)     “Reafirmamos posições já manifestadas nas notas 001/20, 002/20, 003/20 e a nota conjunta com o SINDPAMPA de que  a forma como a reitoria tem conduzido  o processo de volta as aulas por ensino remoto tem sido aceleradas, verticalizadas e acabam contribuindo para um aumento da ansiedade e adoecimento profissional e fragilizando as relações democráticas necessárias para esse necessário dialogo na comunidade acadêmica.” (NOTA 004/20)


Nenhum docente pode ser excluído
2)     “alerta da insuficiência de propostas para comunidade discente que garanta a universalidade do acesso nas atividades de ERE. Que busquem dar conta -para além das bolsas já oferecidas ou em processo de oferecimento- da não exclusão de nenhum discente. Precisamos compreender que com a pandemia a precarização da realidade de vários estudantes aumentou, ou seja as condições de pobreza e de desigualdade social no pais estão piores.”

A necessidade de pesquisa e levantamentos
3) “Que a proposta final de volta as aulas por ensino remoto seja embasada e elaborada a partir de diagnósticos representativos e publicizados amplamente que demonstrem a realidade de acesso e os nos críticos a serem resolvidos.”

Afirmação da liberdade de cátedra
4) “Que em qualquer proposta de utilização de tecnologias digitais a partir de diferentes plataformas seja garantido e assegurado a liberdade de cátedra: de ensinar e aprender com autonomia e tranquilidade. Este direito fundamental tem sido ameaçado constantemente nos tempos de controle ideológico que vivenciamos.”

Gravação de aulas só por consentimento
5) “Consolidando a afirmação da liberdade de cátedra, deve ser garantido nesse processo de implementação do ensino remoto em tempos pandêmicos a garantia e preservação  do direito de imagem e de escolha pelo docente se este quer gravar sua aula ou não.”

A defesa de tecnologias de plataformas digitais públicas
6) “A UNIPAMPA como uma universidade pública neste processo, colocado pela excepcionalidade do momento pandêmico, deve se comprometer com o desenvolvimento e aperfeiçoamento de plataformas públicas e com softwares livres para o desempenho das atividades pedagógicas.”

Oferta de componentes optativos
7) “Que a oferta na modalidade ensino remoto pautada pelo momento de pandemia, justamente por isso seja com componentes optativos(ensino) e que seja integrada com as atividades de extensão e pesquisa. Buscando assim, a realização de projetos integrados construídos no processo interativo entre professores e alunos.”

Afirmação do direito a progressão e promoção
8) !Que seja afirmado nesse processo provisório de volta as aulas o direito a progressão e promoção e que isso seja universal e amplamente publicizado. Pois embora ainda não tenha-se desenvolvido o ERE, desde março os docentes se envolvem e desenvolvem atividades de trabalho remoto através de webnários, orientações, atividades de extensão e pesquisa e etc.!

Fluxo de construção da proposta de forma democrática
9) Que o fluxo de contato para dúvidas e sugestões para a Reitoria seja organizado a partir da atuação do GT que atualmente coordena a construção da proposta de ensino remoto. Permitindo mais interação e agilizando e democratizando o processo.



3)    Eleição de delegado(a) e observadores para a reunião do CONAD virtual extraordinário
Na terceira e última discussão realizada na assembleia foi construída uma delegação para participar do CONAD, o Conselho do Sindicato Nacional dos Docentes de Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN) que reúne todos os anos entre o primeiro e segundo semestre e tem como função atualizar a leitura de conjuntura e as lutas do ANDES-SN deliberadas em seu congresso.
Este ano, de renovação da direção nacional, ele aconteceria em junho em Vitoria da Conquista na Bahia, porem em virtude da pandemia, as chapas consensuaram em adiar eleição e o próprio CONAD. Se encaminhou a prorrogação do mandato da diretoria para a justiça que devolveu e não homologou. Ou seja ao mandato esta para vencer, que pode nos colocar numa situação de instabilidade jurídica em pleno enfrentamento do projeto neoliberal de Bolsonaro. Neste sentido com base na lei 14010/2020 foi convocado um CONAD extraordinário para os dias 30 e 31 de julho com pauta especifica: a) conjuntura e b) Prorrogação do mandato da diretoria nacional.
Cada seção sindical tem direito a eleger em assembleia de base um delegado(a) e dois observadores. Assim na perspectiva de consolidar politica juridicamente nossa entidade nacional, assim como atualizar nossa leitura sobe a conjuntura  elegemos nossa delegação:
Delegado: Professor Cesar Beras – Sociólogo – campus São Borja – atual presidente da SESUNIPAMPA
1ª Observadora (suplente): Professora Elisangela Maia Pessoa – Assistente Social – campus São Borja
2ª Observadora: Professora Adriana Hartmink Cantini – Advogada – campus São Borja

E assim afirmando a nossa participação em nível nacional tivemos breves informes e encerramos nossa assembleia geral virtual.
Até a próxima e boa luta!